segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Resenha: Cartas de amor aos mortos


Título: Cartas de amor aos mortos
Autora: Ava Dellaira
Páginas: 344
Editora: Seguinte

Cartas de amor aos mortos é o primeiro livro da autora Ava Dellaira, do gênero romance/drama. Teve seu lançamento em 2014 no Brasil, recebendo ótimas críticas. O livro tem uma temática muito parecida com 'As vantagens de ser invísivel' de Stephen Chbosky. 
Nessa história acompanhamos Laurel, uma adolescente de 14 anos que está entrando ao tão temido Ensino Médio. Porém, Laurel é marcada por uma tragédia que abalou toda sua família. Há alguns meses sua irmã mais velha, May morreu e ela se sente assombrada com isso. May era sua companheira, heroína, mágica (pois quando eram crianças May e Laurel fingiam ser fadas) e Laurel queria ser como a irmã, pois a achava perfeita.
Nada está sendo fácil para Laurel, ela convive com a separação dos pais desde que era criança e carrega uma mágoa muito grande de sua mãe por ter a abandonando. Sua mãe não suportou a dor da morte da filha e decide se mudar para a Califórnia. Deste modo, Laurel passa a morar uma semana com seu pai e outra semana com sua tia Amy, uma religiosa rígida, mas que ama muito sua sobrinha e quer protegê-la. 

"Era um mundo cheio de sentimentos para os quais eu não tinha palavras.”



Para evitar olhares piedosos de seus colegas, decide mudar de colégio onde ninguém a conheça ou saiba sobre sua irmã. Já no primeiro dia de aula, sua professora de inglês propõe aos alunos escrever uma carta para uma pessoa morta, a tarefa que parecia algo simples, acabou se tornando uma forma de desabafo sobre seus problemas, pois sente-se sozinha e não há ninguém com quem conversar e que possa entendê-la, Laurel se sente completamente perdida, não consegue entender por que May a deixou e até se sente meio culpada.
O livro é narrado através dessas cartas, mas com características semelhantes a um diário. Os remetentes de suas cartas são ídolos que já morreram como Kurt Cobain, Janis Joplin, Amy Winehouse, Judy Garland, Jim Morrisson, Heath Ledger, entre outros. A vida desses artistas é intercalada com a de Laurel, ou seja, sempre há alguma relação com algo que está acontecendo em sua vida usando conflitos, por exemplo de Kurt Cobain para contar os seus próprios acontecimentos, vai relacionando suas vidas, as explorando e também tentando entender os motivos de suas mortes. Assim conhecemos um pouco até da vidas desses artistas que já se foram. Achei brilhante essa ideia deixando a narrativa da história diferente de qualquer outro livro.

"Alguns segredos só conseguimos contar aos nossos maiores ídolos"


O livro vai montando uma espécie de quebra-cabeça e assim o leitor consegue entender o que aconteceu com Laurel, com May antes e como foi sua morte, já que isso se torna um mistério desde as primeiras páginas e sobre outros personagens da trama. A personalidade de Laurel foi muito bem desenvolvida pela autora, uma menina frágil, sensível mas que consegue ser forte e corajosa igual como via a irmã, mesmo não acreditando nisso. De menina insegura e confusa ao longo da história, ela vai evoluindo e aprendendo com seus próprios erros. 

"Existem muitas experiências humanas que desafiam os limites da linguagem. É um dos motivos da poesia."

Os personagens secundários também nos mostram emoções fortes, como Sky, um garoto misterioso que vai balançar o coração de Laurel. Hannah e Natalie, duas amigas inseparáveis, lindas, que vão fazer parte da de sua vida a ajudando a superar todos seus medos e tristezas e apresentá-la ao mundo, possuem atitudes rebeldes mas foi a forma que ambas encontraram para encarar os seus problemas. Tristan e Kristen, um casal do último ano do ensino médio, apaixonados um pelo outro, mas a escolha da faculdade mudará o futuro dos dois. A autora soube bem trabalhar as características de cada personagem com seus medos, angústias, felicidades, pensamentos e se aproximando da realidade de uma forma fantástica.

"Um amigo é alguém que dá liberdade total para você ser você mesmo – especialmente para sentir ou não sentir. Qualquer coisa que você sinta naquele momento está bom para ele. É o que amor verdadeiro significa deixar alguém ser ele mesmo."

Algo que me irritou no livro foi apenas a forma como Laurel queria ser como May. Ela não se enxergava o quão maravilhosa era e por idolatrar a irmã, tentava agir como ela, usar suas roupas, pensando o que ela faria ou sentiria em tal ocasião, como se a alma de May estivesse por ali. Sem sombra de dúvidas, Laurel estava presa ao passado e não queria se libertar, a depressão dela chegar a ser agoniante em alguns trechos do livro.

“Todos nós queremos ser alguém, mas temos medo de descobrir que não somos tão bons quanto todo mundo imagina que somos.”


Ava Dellaira também aborda assuntos polêmicos que te chocam e para muitos são considerados tabus, porém o modo que a autora escreve deixa uma leveza, sem ser algo forçado demais e ainda nos faz refletir sobre esses fatos. O jeito poético que a autora escreve nos faz querer devorar o livro, é uma leitura que flui muito rapidamente e você quer logo chegar as últimas páginas. É um livro tocante, reflexivo, personagens reais e sim, meio depressivo pois trata-se de dor e perda de alguém que você ama e com muito sentimentalismo amoroso e amizade.

“Talvez ao contar histórias, por pior que sejam, não deixemos de pertencer a elas. Elas se tornam nossas. E talvez amadurecer signifique que você não precisa ser personagem seguindo um roteiro. É saber que você pode ser a autora.”

Recomendo a leitura para quem gosta de livros que tenham toques de realidade, história intensa e com temas contemporâneos e que no final vai te inspirar. Não vou mentir que é uma história que vai te deixar em algumas partes com raiva de alguns personagens, mas carrega muitas mensagens profundas e ainda mais mostrando que apesar de algo muito terrível tenha acontecido em nossas vidas temos que aprender a viver, recomeçar e não ficar presos ao passado.

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Durante a leitura, eu ficava pensando para quem escreveria essas cartas. Então deixo uma pergunta: Para quem você destinaria essas cartas? Eu escreveria para John Lennon, Cory Monteith, Anne Frank, Cecília Meireles e Lewis Carroll. <3






2 comentários:

  1. Acredito que vou amar esse livro. Adorei a Resenha <3

    Beijos, Tainá
    https://andreianascimentolivros.blogspot.com.br

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  2. Olá, Tainá!

    Espero que goste do livro tanto quanto eu!
    Boas leituras!

    Obrigada pela visita!

    Beijo, beijos

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