segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Resenha: A menina da neve





Título: A menina da neve
Autora: Eowyn Ivey
Páginas: 352
Ano: 2015
Editora: Novo Conceito


       A Menina da Neve é um livro que envolve drama com um pouco de mistério e fantasia, finalista do Prêmio Pulitzer e escrito por Eowyn Ivey. O livro é inspirado em um conto de fadas russo chamado Snegurochka e outras histórias que contêm essa mesma temática.
       A história se passa em 1920 e conhecemos Mabel e Jack, um casal de quase meia idade que decidem se mudar para o Alasca e recomeçar suas vidas, eles estavam se afastando e têm a esperança de fortalecer seus laços afetivos novamente em um novo lugar, isolados do resto do mundo, de suas famílias com aquele olhar piedoso sobre eles, pois o casal não podiam ter filhos. Mabel há alguns anos, deu á luz a um bebê morto e depois disso nunca mais puderam sonhar em ter uma criança. 

"Na minha idade, vejo que a vida geralmente é mais incrível e terrível do que as histórias nas quais acreditávamos na infância e que talvez não haja nada de mau em encontrar um pouco de mágica entre as árvores"

       A vida no Alasca é dura. Moram em uma cabana simples, enfrentam invernos rigorosos e a escassez de alimento. Como habitantes mais próximos há apenas Esther, George e seus filhos Garret, Michael e Bill e se tornam muito próximos. No dia a dia, Jack costuma cuidar do plantio no campo e Mabel cuida dos serviços domésticos, faz tortas para vender em um hotel na cidade como renda extra e como lazer costuma ler, desenhar de vez em quando e escrever cartas para sua irmã mais velha, Ada. 
Mas a vida monótona e sem graça irá tomar um rumo diferente... Numa noite de nevasca em um momento de descontração, o casal decide criar um boneco de neve, o enfeitando com luvas e um cachecol vermelho feitos por Mabel, e Jack esculpe um rosto de uma menina. Isso os reaproxima e trazendo novamente aquele afeto e companheirismo que estavam perdidos. Na manhã seguinte, eles notam que o boneco está destruído e a luva e cachecol desapareceram. A principio pensaram que fossem um animal selvagem, mas a partir desse dia, começam a ver uma menininha loira, usando as mesmas luvas e cachecol vermelho, correndo entre as árvores junto com uma raposa vermelha. 


       Mabel e Jack tentam por dias se aproximarem da menina e, aos poucos ela começa a se aproximar deles, mostrando confiança e levando pequenos presentes como frutas, animais caçados por ela mesma e revelando seu nome, dito em um tom baixo e suave: Faina.
        Faina é silenciosa, tímida e muito corajosa. Ela é branca como a neve e fria como o gelo, se tornando um mistério e ao mesmo tempo um milagre para Mabel e Jack. A menina vem e vai assim como a nevasca, mas uma coisa eles sabiam, ela era forte e sabia se virar bem. Faína transforma a vida do casal, mostrando que o amor está vivo dentro deles. A menina mexe com a cabeça de Mabel e Jack, eles chegam até a duvidar se aquilo é real e se essa alegria toda irá acabar junto com inverno, afinal aquela criança era tudo o que eles mais desejaram na vida. 

"A menina conhecia a floresta e seus atalhos. Ela encontrava comida e abrigo. Não era só disso que uma criança precisava? Mabel diria que não. Diria que a menina precisava de calor e afeto e de alguém para cuidar dela, mas Jack ficou imaginando se isso tinha ou não mais a ver com os desejos da mulher do que com as necessidades da criança".

       O livro é dividido em três partes, como se fosse uma espécie de 'fases' antes, durante e depois da menina ter entrado na vida do casal. A narrativa é em terceira pessoa, mas vai se alternando através da perspectiva dos personagens, além de serem bem construídos passando todas as emoções, sentimentos e pensamentos, nos permitindo conhecer suas personalidades. Eowyn Ivey usa uma escrita sensível, delicada e rica em detalhes, se tornando algo apaixonante. 
"Era fantástico e impossível, mas Mabel sabia que era real — ela e Jack a tinham feito com neve e galhos e capim congelado. 

"A verdade a impressionou. A criança não apenas era um milagre, como também era criação deles. E ninguém cria vida e a abandona."

      Devo confessar que o livro não flui tão rapidamente por se tratar de uma história mais intensa e que envolve inúmeras emoções dos personagens, a leitura demora para avançar, mas isso não foi o mal do livro e não atrapalhou. O livro oscila muito entre o real e a magia, o desenrolar da trama é algo inesperado, não é nada do que eu imaginei quando li a sinopse, isso me surpreendeu e deixou um aperto no coração no final da história.
A capa é linda e já nos traz a magia que será o livro, a diagramação é simples mas possui ilustrações de uma floresta com nevasca no início de cada capítulo dando um toque encantador.



       Recomendo este livro para quem gosta de muitas emoções, personagens cativantes e finais inesperados. Considero uma boa leitura, além de ser uma história fantástica, a forma que a autora colocou os personagens faz o leitor sentir o que eles sentem e também mexe com a nossa imaginação. Logo aviso, tenha paciência com a leitura, pois a história é devagar igual aos dias frios do Alasca, mas acredite, valerá a pena no final.





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